sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Para não dizer que não falei dos concursos

Que concurso não testa a capacidade plena de alguém, até concordamos, mas que traz indícios das condições mínimas (bem ínfimas mesmo, às vezes) para exercício de um determinado ofício, ah, isso, sim!

É óbvio que uma redação, pelo menos, e uma aula didática, além de uma exigência curricular que estivesse mais voltada para as necessidades da educação local seriam necessárias. Entretanto, para baratear ou para sucatear, só a tradicional provinha de “marcar X” é feita. Assim, mesmo esta traz informações bem ricas, quando bem analisadas.

Vamos ao resultado do município de Aracaju, para a disciplina de Língua Portuguesa (e outras áreas): que diferença haveria entre a nota de uma aluna no 6º período do Curso de Letras e a de um mestrando, com anos e anos de boa experiência, no ensino? 4 pontos!!!

Outra coisa que precisa ficar clara, talvez, é que pontuação não é nota. Todo mundo classificado já obteve, pelo menos nesse [concurso], metade do que era necessário e metade, certamente, significa 5 (pelo menos de 10, né?). Há os que pensam que vivemos ainda em um mundo cartesiano, porém, vivemos mesmo é num mundo decimal... E ainda me vêm com as ideias de mundialização... Do planetarismo!!! Como meus ouvidos andam cansados!!!

De acordo com o que foi dito no parágrafo anterior (você ainda lembra?), estar com nota 60,00 por exemplo, não significa 6,00, afinal, dificilmente alguém “fechou” a prova. E como a mesma é dividida em 04 partes com pesos distintos, não se sabe se uma pessoa que “fechou” língua portuguesa, mas vai ensinar geografia, é melhor que aquele que acertou tudo no conhecimento específico de geografia, mas não soube marcar a letrinha certa de português (tá bom, talvez porque não sabia mesmo!!!), mas como só sabemos mesmo o que acontece com a língua (e todos os professores a usarão, ou não?), em uso, ou seja, pelo menos a tal redaçãozinha (independentemente da área que o profissional vá atuar, afinal, toda a instrução será em língua materna) e a prova didática. No caso de língua estrangeira, redação na língua estrangeira e a prova didática com a abertura para mixar as duas línguas, pois: quem, em sã consciência, teve aula de língua estrangeira 100% nela ou o fez/faz, no Brasil?

Se critérios outros fossem usados, alteraria todo o resultado do concurso, por exemplo: acertar, pelo menos, metade em cada uma das quatro áreas. Candidatxs com nota máxima no conhecimento específico, mas sem saber bulhufas ou só uma bulhufinha (eram 5), não se classificariam.

Ser classificado é, sim, motivo de orgulho, pelo mérito e, principalmente, pelo exercício democrático de acesso ao cargo. Talvez muita gente não lembre que, em nosso país e em outros “buracos”, se não se tivesse conhecimento com um político influente, dificilmente se tinha um emprego... Os que não foram classificados precisam ficar atentos, afinal, o mínimo para o exercício da profissão não foi alcançado e muitxs dessas pessoas estão em exercício, o que é preocupante, também.

Mudar a educação, ou a forma processual dela, passa por alguns aspectos do que foi elencado acima, entretanto, parece ser bem melhor jogar para o ralo o dinheiro dos impostos dos contribuintes com políticas públicas ineficientes. Valei-nos!!! Feliz ano-novo, se for possível ser feliz, em meio a tanta injustiça e desigualdade social. Palavra de Mestre.