terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Carnaval em São João-PE na década 90


 

Em 2021, não houve festejos carnavalescos oficiais pelo Brasil, em virtude da pandemia de covid19. Sem folia para brincar, aqui em Aracaju, me lembrei de uma foto que me trouxe lembranças, memórias estas que vão coincidir com um uma cicatriz de aproximadamente cinco pontos no calcanhar, costurados na Maternidade Josefa Cordeiro Vilaça.

Que tal uma viagem à São João de 1991 com uma lembrança do carnaval?

Antes de contar a história, vou-lhes apresentar quatro personagens nessa imagem: a da esquerda é Maria Freire (minha mãe), o do meio é Nelson Amaro (meu pai) e, ao lado dele, Quitéria Alves Porto - minha tia. Mas por que mencionei quatro, se há apenas três pessoas em primeiro plano? Porque jamais poderia esquecer de Angelita Pereira de Lucena, irmã do saudoso Nilson Pereira de Lucena, família que até hoje honra São João com suas ações na política local. Eu, que lhes narro, não estou fisicamente na foto. Estou esvanecido em minhas lembranças de criança e adolescente em São João, onde meus pais escolheram para morar nos idos de 1981. Eu era praticamente um bebê ainda e meu irmão Eraldo tinha seus quatro anos de idade.

O carnaval em São João, pequena se compararmos o núcleo urbano, mas enorme em termos territoriais, sempre foi uma festa familiar. As crianças se fantasiavam de "mateus", com roupas velhas e esmolambadas e adolescentes e adultos faziam o mesmo. As crianças se vestiam assim para brincar e alguns adultos saíam pedindo. 

Não foram raras as vezes que me fantasiei e saí pelas ruas de minha querida São João, para me divertir. Às vezes com Júnior de Vera de Damião (meu saudoso amigo e vizinho Amauri Tavares da Silva Júnior), outras vezes com meus outros amigos de idade parecida.

A antiga estrada de trem, na frente de nossa casa na Av. Joaquim Pereira dos Santos, não tinha asfalto ainda e, mesmo quando teve, havia o resto do caminho que o trem (da Great Western) fazia para ganhar a rua da Linha e seguir destino pra Garanhuns. Minha tia Nivalda Freire já morava na 205 da rua Cel. João Fernandes da Silva, onde outrora D. Gelita e Seu Bida moraram. Acontece que ninguém da família entra pela casa de tia Nivalda pela frente. Até hoje é assim... 

No Corte, como é conhecido o perímetro, as pessoas costumavam jogar tralhas de todos os tipos. Essa parte ainda hoje dá acesso à rua Elpídio Branco, na venda que era de seu Emídio Correia de Oliveira, sogro da querida Lourdes de Zezinho de Emídio (o político que deixou descendência na cidade e que é homenageado com seu nome na Câmara de Vereadores e com uma escola municipal no bairro do Planalto).

Saindo de minha casa, indo à casa de tia Nivalda, brincadeira vai, brincadeira vez, descalço, naquele lamaçal, desavisado, pisei em falso em algo e a gente (estava com minhas primas Maria José e Elaine Karine) viu o marrom da água ficar vermelho. Era sangue, muito sangue... A dor não foi tão grande na hora, talvez pelo susto, talvez pelo medo do que acabara de fazer, mas na hora de costurar o ferimento foi quando lembrei do dito popular de que, quando a gente não escuta conselho de mãe por amor, tem de aprender pela dor.

O Corte foi asfaltado no governo do visionário Antonio de Pádua Maranhão Fernandes, que muito honrou a memória de seus ancestrais em São João, abdicando de seu tempo de esposo, pai e professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco para deixar São João melhor do que a encontrou.

Aracaju-SE, 16 de fevereiro de 2021, terça-feira de carnaval

sábado, 13 de fevereiro de 2021

DesODE à Inquisição

Apesar de inocente, fui condenada

Mesmo depois de morta, novamente fui queimada

De minha terra, arrancada

Nos engenhos, humilhada

No laço, amansada

Em cada um de minha descendência:

Renascida!

À Maria Freire (1948-2017)