É comum, no final do ano letivo, que alunos reclamem que
ficaram por um décimo, no tocante à média anual 4,9... Vejamos...
Todo bimestre (e o ano tem 4), faço atividades extras e dou
visto. Tenho atribuído extras (a mais) dois décimos por cada visto. Não raro, o
aluno participativo consegue dez décimos, ou seja, um ponto por bimestre... Se
isto for retirado, aquela média 4,9 baixa para 3,9.
A média da rede estadual sergipana é cinco. Na disciplina de
Língua Portuguesa, no contexto do Ensino Médio Inovador, até três (3,0) é de
atividade integradora. Onde trabalho, decidiu-se que seria produção textual...
Então, suponhamos que o aluno tenha conseguido 1,5 na integradora – o que é bem
raro – e tenha tirado 2,5 na prova que vale até 7,0 e feito as atividades
extras, já está na média... O que acontece para o aluno não atingir a média?
Isto é ele quem precisa responder.
E precisa também responsabilizarem-se pais ou responsáveis,
os quais nunca ou raramente aparecem na instituição escolar, também um trabalho
mais eficaz do Comitê Pedagógico para identificar os alunos com dificuldades e
chamar à responsabilidade o aluno e os responsáveis e também a direção e
coordenação de ensino para reuniões rotineiras de pais e mestres.
O aluno, por seu turno, precisa estudar para aprender e
alcançar mais do que cinco, pois não são raras as situações de pontuações
extras decorrentes de projetos que os motivam negativamente a não estudar.
Afinal, o cinco é um atestado de que o aluno não é estudioso. Tenho insistido
que bons alunos têm ficado com notas sete ou muito próximas disto.
E o professor fica o ano inteiro pedindo atenção, corrigindo
em sala atividades que são requisitadas e não são feitas – boa parte é copiada
ali mesmo no momento da aula ou durante a aula atividades de outras matérias
são realizadas, solicitando o livro didático e atividades nos prazos... e nada!
Alguns, para escapar de ter de estudar, mudam de turno e
chegam a transitar os três turnos em que são ofertadas as séries do ensino
médio nas quais foram matriculados, outros, até de Colégio... e uma parte
espera os 18 anos para fazer Provão da SEED ou se certificar pelo ENEM – vale lembrar
que as notas do Enem não mais servirão para a certificação do Ensino Médio...
Não raro há quem esteja fazendo a primeira série há três, quatro, cinco anos...
Voltando ao décimo, é esta mesma pontuação que define
empregos e não há quem o dê, visto que a oportunidade é dada ao longo de toda a
formação do estudante (em processo) e não apenas em momentos específicos.
Não raro o aluno traz lacunas na sua formação, deixa de
prestar atenção, não faz o que é solicitado, passeia muito mais do que
estuda... e não é e nunca será por um décimo que alguém vai para recuperação
semestral, final ou é reprovado.