A jabuticaba de Moura Castro
encomendada para a educação básica e sua relação com Sergipe e seus
professores: Veja!
Everaldo José Freire (0)
Chama-me a atenção a lembrança
de que em 6 de fevereiro de 2013, em almoço, João
Alves (DEM-SE) e Cláudio de Moura Castro discutiram a situação da educação
municipal em uma visita de cortesia
que rendeu bons frutos para a educação de Aracaju (1). Quais seriam esses frutos? Em 1º de julho de 2015, enaltece a
principal Universidade privada sergipana por ter tido um estande próprio na
reunião da NAFSA, em cujo editorial anteriormente relata a Universidade de
Boston como pública privando o leitor desavisado do que é isso no contexto
americano (2). Só para que se tenha uma ideia, muitos dos que estudaram em
universidades americanas estão tendo de usar boa parte de seus rendimentos já
aposentados para pagar os loans
(empréstimos/créditos/financiamentos) que fizeram nessas instituições públicas,
que não são nada gratuitas. Esse artigo
é para sustentar que o Sr. Cláudio, economista, faz editoriais por encomenda,
aproveitando-se do fato de ser especialista em educação e que encontra quem
pague (e bem) por tais encomendas, isto é, é como se ele exportasse jabuticabas
sem caroços, os quais são deixados para quem enfrenta as situações pedagógicas
de fato enquanto aquelas são degustadas pelos tomadores de decisão,
movimentadores do erário público, e pasmem: até por “professores”!
O texto “Professor ganha mal?” pode ser
explicado pelo viés do objetivismo abstrato; isto porque não se sabe a qual/is
professor/es ele se refere, portanto abstrato na tentativa de construir uma
tese de "não há relação clara entre o salário do professor e o que
aprendem os alunos". Não duvido que isso sirva para construir uma pseudo
ideia de que ganhamos muito bem para o pouco que fazemos. Antes de mais nada, é
preciso que eu deixe clara a posição ideológica da qual enuncio (falo ou
escrevo): a de professor da rede pública estadual sergipana sem filiação a
sindicato, sem filiação a partido político, sem dever meu emprego a quem quer
que seja! No divagar de Cláudio, que
presidiu a CAPES no ano em que nasci, "se todos aprendessem, os salários
poderiam aumentar muito, com o mesmo orçamento". E por que os salários não podem aumentar já "com o mesmo orçamento"
e estimular realmente quem está em sala de aula, já que ele reconhece que
"no geral, os salários desapontam", evitando o desgaste do professor
da rede em ter dois ou três vínculos? Como parece ser o
"aprendizado" que está por trás de suas preocupações (o que não é
articulado ao longo do texto, pois o articulista faz menções meramente econômicas:
salário inicial, remuneração por hora, equação, erário, pagar, custo de vida,
gastamos, pagamos, aposentadoria especial do professor, conta dos aposentados,
licenças etc.), às duas perguntas finais que ele propõe a nós professores é que
me detalharei: "é esse o sistema que queremos?" "Por que não
reclamamos"? Por que não nos queixamos aos sindicatos?
Ou realmente a idade avançada traz malefícios à saúde
mental (afinal ele tem 78 anos) e, consequentemente, à organização do
pensamento ou, o mais óbvio, é tudo feito de caso pensado para denegrir grupos
de profissionais que se veem acuados no exercício de suas funções e são os
responsáveis pela revolução de que precisa o país. O sistema que conta com
pessoas que não aprendem é o mesmo gerenciado por pessoas incompetentes do
ponto de vista da gestão e do conhecimento. Quando um aluno chega ao Ensino
Médio (última etapa da educação básica) sem saber ler/escrever, assim como costuma
chegar à metade do Fundamental (6º ano), é muito mais por falta de gestão, que
envolve pessoas capacitadas para lidar do ponto de vista da administração da
escola e do aparato pedagógico em si, além da fiscalização: Projeto Político
Pedagógico inexistente, regimento interno obsoleto, conselho escolar inoperante
ou manipulado, má destinação das verbas públicas, inadimplência na prestação de
contas, falta de cuidados com o bem público, além da infraestrutura obsoleta na
maior parte das escolas: climatização inexistente ou inadequada, fiação
problemática, inexistência de redes de wi fi e tecnologia que acompanhe as
demandas do século XXI... Então, Sr. Cláudio, não é o professor que chega ao
Colégio para dar sua aula que competem essas coisas, é ao próprio Governo ao
qual o Sr. se aliou aqui em Sergipe (cujo aparato humano capenga está em cada
escola para blindar sua inoperância), por exemplo, e nada de produtivo
realizou. O senhor talvez nem saiba ou queira que as pessoas saibam que aquele
que era Governador agora é Prefeito e não tem mais data para pagar aos
professores e certamente está nem aí para o que fazem essas pessoas para pagar
suas contas.
Por falar em reclamação... Ora! O economista nos toma
por desvairados porque a única chance de reclamação entre oprimido-opressor é/era
a greve, esta, no caso sergipano, comandada por um sindicato que está mais
preocupado em aliar-se com o Governo e eleger representantes políticos do que
com a própria classe. Então, reclamar
a quem, queixar-se ao sindicato? Ano passado, a greve deflagrada ilegal, antes
mesmo de ser iniciada, acarretou no corte de que necessitou a anistia do ponto
do bondoso governador Jackson Barreto
(PMDB-SE) e, só neste ano, pelo menos três pequenas paralisações estiveram em
curso: uma nacional e duas estaduais. Então, não falta reclamação, mas nós não
temos essa relação parental com o Governo, de conta tudo pra tua mãe do seriado Chaves... ou de almoçarmos com
ele.
Voltando à
pergunta do título do editorial, a CNTE (4) rapidamente elaborou uma resposta
ao texto de Castro e trouxe o salário dos docentes pelo mundo afora, em dólar,
como se ganhássemos em dólar. Contrariando o que meus colegas vão dizer, porque
já se criou um discurso de “coitadição” em torno do professor da educação básica
independentemente de rede (federal, municipal e estadual), a resposta é não.
Não ganho mal. Não entro em sala para reclamar de remuneração com meus alunos,
afinal, nem são eles que me pagam diretamente o salário. Agora, se a comparação
for o que ganho em relação ao que ganha um professor na rede federal (Colégio
de Aplicação e Instituto Federal de Sergipe, por exemplo), aí eu repito que me
sinto duplamente explorado (porque chego a trabalhar o dobro de horas-aulas em
sala) e triplamente desvalorizado, pois com cerca de 12 anos de “carreira”, os
docentes nessas instituições recebem, com a mesma titulação, pelo menos três
vezes mais do que eu. E, venhamos e convenhamos, com o salário sem aumento
desde abril do ano passado e absolutamente tudo um pouco (ou muito) mais caro:
comida, água, luz, telefonia, condomínio, IPTU, IRRF, IPVA etc. Então, embora
não ganhe mal, reconheço que o poder aquisitivo do professor estagnou e está em
condições desfavorabilíssimas em relação a profissionais com as mesmas características
em outra rede na mesma cidade, no mesmo estado, no mesmo país. Assim, enquanto
alguns chupam a jabuticaba (em alusão à metáfora usada pelo autor em um de seus
textos), outros ficam só com o caroço. Sim: eu me sinto com o caroço...
(0)
Professor com mestrado que enfatiza as relações de poder no discurso, lecionou
em Timor-Leste, Estados Unidos e Cuba, foi bolsista da CAPES e da
Fulbright/IIE, atualmente leciona para o Ensino Médio Inovador, é membro do
conselho escolar do colégio onde trabalha, que preside, e supervisiona
bolsistas de Pibit Jr/Fapitec/CNPq. É associado à SBPC – Sociedade Brasileira
para o Progresso da Ciência e membro da USBEA SE (United
States-Brazil Exchange Alumni in Sergipe).
Algumas webreferências:
(2) http://cambridgebrazil.org/wp-content/uploads/Where-is-Aracaju-Claudio-de-Moura-Castro.pdf Veja, 1º de julho de 2015.
(3) http://www.nenoticias.com.br/75845_diretor-de-escola-em-aracaju-devera-receber-rs-55-mil-alem-de-14-salario.html 7 de fevereiro de 2013.
(4) http://www.cnte.org.br/index.php/comunicacao/noticias/16919-lamentavelmente-sr-claudio-de-moura-castro-professor-a-no-brasil-ganha-mal.html 29 de julho de 2016.
06/02/13 - 16h32
Prefeito
discute melhorias para a educação com Cláudio de Moura Castro
Fotos: Sergio Silva
Em almoço, João Alves e Cláudio de Moura Castro discutiram a situação da educação municipal
Um
convite, uma resposta positiva e uma visita de cortesia que rendeu bons frutos
para a educação de Aracaju. Assim foi o almoço entre o prefeito João Alves
Filho e o colunista da Revista Veja, Cláudio de
Moura Castro, realizado na tarde desta quarta-feira, 6.A secretária municipal
de Educação, Márcia Valéria, também participou do encontro.
Convidado
pelo prefeito, Cláudio é um especialista em educação e trouxe consigo
experiências que irão contribuir para a gestão educacional da capital sergipana.
O prefeito, por sua vez, destacou a importância de contar com a contribuição de
uma personalidade que fez e tem feito muito no âmbito de pesquisas e incentivos
na área.
"Cláudio
é um guru da educação. Quando o convidei, tive em mente colher ideias e sugestões
para a nossa educação. Nós temos muito o que aprender com ele. Só nesse almoço
ele já nos deu várias ideias interessantes que pretendemos colocar em
prática", destacou o prefeito.
João
Alves ressaltou também que o convite tinha como foco principal o desenvolvimento
da educação municipal. "Tendo em vista a sua vasta experiência em
educação, não poderíamos ter uma autoridade melhor e com um sentido muito
prático de como se alcançar qualidade de ensino nas escolas públicas. Por isso
fiquei extremamente agradecido quando ele aceitou o meu convite. Essa conversa
me abriu ainda mais os horizontes para um modelo satisfatório de gestão
educacional", salientou João Alves.
Para
o colunista, foi um agradável encontro que pode render planos positivos para a
educação pública na capital. "O que percebo é que Aracaju viveu, nos
últimos anos, uma queda considerável no nível de educação pública. O município
já fez muitas coisas positivas em relação à educação e acredito que é preciso
se alavancar um novo salto, para que a área alcance novamente o nível que já
teve. Acredito, veementemente, que a gestão de João Alves pode ser esse salto
que Aracaju precisa", considerou Cláudio de Moura Castro.
O
colunista aproveitou a oportunidade para ressaltar a preocupação do prefeito para
com a educação. "Sou amigo de João há longos anos e, independente disso,
percebo que ele é uma pessoa extremamente preocupada com a educação. Ele tem um
compromisso histórico com a área e vem cuidando disso de maneira muito focada,
e isso pode ser provado tomando como base a época em que foi governador do
Estado. Como prefeito, sei que ele tem a mesma vontade de fazer o
positivo", concluiu.
O colunista
Cláudio
de Moura Castro é um economista formado pela Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG). Tendo se pós-graduado e se tornando mestre em economia, Cláudio
já teve passagem pela Universidade de Harvard (EUA) no curso de Filosofia e
Desenvolvimento Político. Doutor pela Universidade da Califórnia ele também é
Ph.D em Economia pela Universidade Vanderbilt.
Tendo
em seu currículo diversas experiências em universidade brasileiras e também do
exterior, Cláudio possui, por exemplo, a experiência de ter ministrado um curso
voltado para educação e desenvolvimento na Universidade de Genève e também na
Université de la Bourgogne.
Atualmente
chefe de Divisão do Programa Social, Departamento Sustentável, do Banco
Interamericano de Desenvolvimento, e presidente do Conselho Consultivo da
Faculdade Pitágoras, Cláudio de Moura Castro já teve 39 obras publicadas entre
livros e monografias, além de ser colunista da Revista Veja desde
1996.