sexta-feira, 26 de março de 2021

Famílias Cavalcante de Oliveira e Freire de Carvalho em Panelas/PE em 1890


 Fonte: https://www.panelaspernambuco.com/p/o-blog.html

Ao pensar em Panelas, três coisas me vêm à mente: história, cultura e genealogia. Do ponto de vista histórico, é preciso a gente entender a Guerra dos Cabanos. Do ponto de vista cultural, o festival nacional de jericos e, por último, e não menos importante, algo de minha origem (ascendência) que ecoa... É comum a tia Geralda Freire, com quem costumo mais conversar pelo entusiasmo e vibração em sua voz, quando falo coisas do passado, dizer o papai (Antonio Freire) dizia que a mãe dele tinha família em Panelas (de Miranda).

Do meu avô materno, de quem carrego o Freire, tenho o pouco e afetuoso convívio, pois ele faleceu antes que eu completasse 7 anos e também minha mãe e treze tios de seus dois consórcios, nossa maior riqueza...

Hoje, transcrevi uma ata de criação de um clube republicano, na Panelas de 1890, a qual está integralmente ao final desse texto,  mantive a grafia da época, e reconheci, após alguns anos de pesquisa, o pai do avô de meu avô  - Melchiades Pulpino Freire de Carvalho. Com o filho dele, Luiz Freire, meu avô chegou a ter contato, mas com o bisavô, Melchiades, que aparece nesse documento, não, pois ele faleceu em 1905 (e meu avô Antonio Freire nasceu 5 anos depois), conforme:


  
Fonte: A Provincia - Quinta-feira, 29 de Junho de 1905

Peço licença a quem estiver lendo para explicar essa nota de falecimento com convite para missa em sufrágio da alma de meu tetravô (tataravô), ou 4º avô, Melchiades.

Melchiades Pulpino Freire de Carvalho cc. Maria Velloso de Carvalho (nascida Velloso Freire) foram pais de:

Narciza de Barros Velloso da Silveira (nascida Velloso de Carvalho) cc. João de Barros Velloso da Silveira

Rachel Velloso de Carvalho

Elvira Velloso de Carvalho Cabral (nascida Velloso de Carvalho)

Luiz Pulpino Freire de Carvalho (meu trisavô, ou 3º avô ou o avô de meu avô materno)

Percebam que, na nota, dia 30, quando se celebrou a missa na igreja de Canhotinho, já se passaram sete dias de seu falecimento. Portanto, ele faleceu em 23/06/1905. Que sua alma descanse em paz. Em outra oportunidade, destrincharei melhor sua família imediata, com sua mãe, Isabel Candida Freire, e seus irmãos.

É importante que o leitor saiba que, no início do século XX, Panelas, Canhotinho e Palmares formavam um bloco, cuja comarca era a cidade de Palmares. Logo, não é nada estranho que Melchiades e Marcolino, pais de Luiz e Caetana, pais da mãe de Antonio Freire, tenham se tornado amigos, com ideais similares. Melchiades aparece como senhor das terras Divisão, junto com sua esposa, num Edital de 10 de agosto de 1883, a mando do Dr. Francisco Pothier Rodrigues Lima, juiz comissário da comarca de Palmares, por nomeação do governo, e como eleitor de Canhotinho, em 4 de janeiro de 1896, num abaixo-assinado em prol do prefeito major Aggêo Cézar de Andrade. Marcolino é mencionado inúmeras vezes relacionado à segurança em Panelas, no século XIX.

Quando meu avô nasceu, em 1910, no sítio Palha (alcunhado Pachá no 1º Censo de Propriedades Rurais de 1920), o sítio Palha tinha apenas dois proprietários: o avô dele, Luiz Freire (proprietário 396 em Canhotinho) e Caetano Seraphim de Mello (proprietário 383). O sítio Palha pertencia, geograficamente, a Canhotinho, pois a emancipação de Angelim, onde minha mãe, Maria Freire (sítio Palha), e meu pai, Nelson Amaro (sítio Peri-Peri) nasceram, cresceram e se casaram, só aconteceria duas décadas depois. 

Nós, da família, não temos certeza se meu avô sabia que era dono daquela propriedade, por herança de sua mãe, Maria Freire Macêdo, se Luiz Freire fez testamento ou se a mãe de meu avô, filha da panelense Caetana Cavalcante de Oliveira, tinha algum documento em mãos. Nós, da família, sabemos que, assim como em outros momentos na história de nossa família, meu avô precisou ser bem perspicaz para não perder o pouco que lhe deixaram ter...

Voltando a Panelas, segue a ata de criação do club Penellense Maciel Pinheiro:

Acta

 DA SESSÃO INSTALLADORA DO CLUB PANELLENSE MACIEL PINHEIRO

 

Aos 29 dias do mez de Junho de 1890, na sala da casa que serve de séde ao Club Maciel Pinheiro, reunidos grande numero de cidadãos eleitores do districto de Panellas, depois de tocar-se o hymno nacional, que foi ouvido de pé por todos os presentes, o cidadão Honorio Silva, que, por indicação de muitos, assumio a presidencia da reunião, fez vêr a conveniencia de se congregarem os elementos politicos deste districto, em uma associação sinceramente republicana, filiada ao Club 22 de Julho da cidade do Receife, cujos actos se pautassem pela direcção politica do Dr. Martins Junior e adoptasse as doutrinas do manifesto de 10 de Dezembro de 1888.

 Ainda declarou o mesmo cidadão, que, se accordassem na fundação da sociedade, que se deveria denominar Club Maciel Pinheiro, em homenagem á immorredoura memoria do Dr. Maciel Pinheiro, assumiam o compromisso de honra em, esquecendo as rivalidades politicas passadas e conveniencias pessoaes, trabalharem sómente pela prosperidade do lugar em que habitavam e engrandecimento das ideias republicanas.

 Concordes os presentes em crear a associação, o cidadão Honorio Silva disse, que havendo necessidade de proceder-se a eleição dos membros para a directoria, tomava a liberdade de indicar para compôrem a mesma, nomes de cidadãos, dignos por sua probidade, que, alheios ás discordias da localidade, seriam, no caso de eleitos, uma garantia para a politica que o Club se propunha a sustentar.

 Achando-se todos os presentes sentados, fez vêr que tratando-se de assumpto importante, era necessaria a maior franqueza e assim os cidadãos que concordassem na eleição daquelles, que ia propor, quizessem levanta-se, afim de se verificar a votação que houvesse.

 Foram eleitos por unanimidade de votos e de per si, os cidadãos seguintes:

 Presidente - Capitão José Matheus de Oliveira Guimarães;

1º Vice-presidente - Marcolino Cavalcante de Oliveira

1º Secretario - Professor Manoel Benigno da Silva;

2º Secretario - Capitão Manoel Albino de Mesquita;

1º Thesoureiro - Capitão Antonio Laurindo de Carvalho;

2º Thesoureiro - Jeronymo Cavalcante da Silva

 

Eleita a directoria, assumio a presidencia da sessão o capitão José Matheus, que convidou a tomarem assentos o 1º e o 2º secretarios, mandando proceder-se a leitura dos estatutos do Club 22 de Julho que, por unanimidade, foram approvados como estatutos do Club; em seguida, agradecendo sua eleição, o presidente, m termos habis, pedio aos cidadãos que alli estavam, fossem sempre unidos e dovotados á causa republicana, honrando assim á veneranda memoria de Maciel Pinheiro, nome que, só por si, deveira constituir uma gloria para o Club que si installava.

 Seguio-se com a palavra o 1º secretario, que largamente procurou demonstrar a prosperidade que, em tão pouco tempo a Republica tem trazido ao paiz; que tudo devia-se esperar da politica de Perambuco sob a direcção do Dr. Matins Junior, cuja intelligencia, caracter puro e toda a sorte de sacrificios, compativeis com a sua dignidade, no tempo em que ser republicano era um crime, foram os unicos titulos que brilhantemente o collocaram na direcção politica deste Estado e terminaou propondo que a directoria do Club, inaugurado sem que houvesse a minima discordancia entre seus membros, expedisse um telegamma ao Dr. Martins Junior saudando-o, sendo unanime a approvação da proposta.

 O cidadão Manoel de Miranda Santiago, obtendo a palavra, disse que, havendo necessidade de o Club ter na cidade do Recife um representandte de seus interesses, propunha, que se pozesse em votação o nome do cidadão Honorio Silva, para representar o Club Maciel Pinheiro, quer perante o governo, quer perante os demais Clubs do Estado, sendo o cidadão proposto eleito por unanimidade.

 Não havendo mais assumpto social a tratar-se, o presidente convidou os presentes a assignarem o Manifesto e, depois de lavra a acta, declarando que todos os que assignassem, seriam solidarios com as ideias do Club.

 Em seguida pedio a palavra o professor Benigno e offerecendo ao capitão José Matheus um bouquet de flores naturaes, em breves palavras, pedio-lhe que soubesse retribuir á homenagem expontanea de sua eleição e com a sinceridade e honradez que o caracterisam, jámais consentisse que o Club praticasse qualquer acto que o desmerecesse perante o Dr. Martins Junior e o Club 22 de Julho do Recife.

 O capitão José Matheus declarou que, em qualquer posição em que se collocasse, estaria ao lado dos seus amigos politicos, e trabalharia ao lado dos seus amigos politicos, e trabalharia que o Club correspondesse ao fim para que fôr organisado.

 Ainda fallou o cidadão Honorio Silva, agradecendo a confiança que lhe depositavam, a qual corresponderia.

 O professor Benigno, subindo ao lugar onde se achava a banda de musica, recitou a poesia - Libertas quae sera tamen - a qual, impressa foi distribuida pelos presentes. Deiraram de ser considerados alguns cidadãos socios benemeritos, conforme proposta do cidadão Jeronymo Cavalcante, porque os Estatutos do Club 22 de Julho sómente admittem socios effectivos.

 Sendo cinco horas e meia da tarde e não havendo quem pedisse a palavra, mandou o presidente que fôsse lavrada a presente acta e se officiasse ao Dr. Martins Junior, ao Club 22 de Julho do Recife e aos demais clubs republicanos, communicando a inauguração do Club Maciel Pinheiro.

 Eu, Manoel Benigno da Silva, 1º secretario, escrevi a presente.

 José Matheus de Oliveira Guimarães.

Marcolino Cavalcante de Oliveira.

Manoel Albino de MEsquita.

Jeronymo Cavalcante da Silva.

Antonio Laurindo de Carvalho.

Hermegenildo Jacintho Cavalcante.

João Gomes de Mello.

Carlos José da Silva.

João José Damasceno.

Manoel José de Moura.

Manoel Guilhermino de Miranda.

José Valerio de Almeida.

José Gomes de Barros.

Luiz Francisco de Souza.

Euzebio de Miranda Galvão.

Francisco Costa.

Miguel Felippe de Moura.

Pedro Pereira da Costa.

Manoel Aureliano dos Passos Moura.

José Apolinario de Moura.

Nazario Valeriano da Costa.

João Anunes de Oliveira.

Caetano Cordeiro de Mello.

Francisco Ferreira Roque.

Francisco Pereira da Costa.

João Gomes de Freitas.

Joaquim José de Oliveira.

Avelino Rodrigues Pereira.

Manoel Rodrigues Pereira.

Eloy Marianno do Nascimento.

Martinho Barbosa de Souza.

Antonio Joaquim de Miranda.

Parisio José de Campos.

Patricio José Barbosa.

Manoel Pedro de Mello.

Manoel Francisco do Nascimento.

Feliciano José Treobaldo.

José Antonio de Mello.

José Rodrigues de Paula.

Caetano Vieira da Silva.

Angelo Pereira da Paixão.

Antonio Vieira de Paula.

Simplicio José Theobaldo.

Paulino José Raymundo.

Pedro Baptista de Baros Brazil.

Joaquim Manoel do Nascimento.

Simão Gomes da Silva.

Joaquim Correia de Oliveira Barros.

Francisco Antonio de Gouveia.

Joaquim Lopes Vieira.

Lourenço de Paula e Silva.

Heleodoro Ferreira de Mello.

Felix Ferreira da Silva.

Fulgencio Rogrigues Pereira.

José Felippe Barbosa.

Manoel Pereira da Silva.

João Felippe Barbosa.

Antonio Felippe de Moraes.

José Nobre Ferreira.

Delmiro José de Souza.

Manoel Gomes Bezerra.

Virgolino Ferreira da Silva.

Laurentino Capucho da Silva.

Antonio Correia Braga.

José Bernardo da Silva.

Manoel Antonio da Silva.

José Felix de Araujo.

Petrolino Soares Cavalcante.

Euzebio Francisco da Silva.

Estevão Barbosa de Araujo.

Manoel Cordeiro da Silva.

Simão Correia de Lyra.

Quintiliano Cavalcante de Oliveira.

Antonio José Gonçalves Pires Ferreira.

Francisco Rodrigues Lins de Albuquerque.

Joaquim dos Santos Junior.

Dinamerico de Oliveira Guimarães.

Antonio Barbalho Uchôa Cavalcante.

Manoel de Miranda Santiago.

Custodio Rodrigues de Meira Torres.

Patricio José Tavares de Vasconcellos.

José Francisco de Souza.

Antonio Bruno de Oliveira.

Melchiades Pulpinio Freire.

Felix José Vieira.

Joaquim Alves Wanderley.

José Antonio de Souza.

José Gomes da Silva.

Lucio José de Maria.

Manoel de Paula Vasconcellos.

João Candido de Mello.

João Francisco dos Santos.

Agostinho Francisco de Lima.

Renovato Barbosa de Moraes.

Sebastião Felippe Barbosa.

Manoel Antonio de Souza.

José Pereira da Silva.

Lourenço Bezerra.

Arsenio Bezerra.

Theotonio Bezerra Roque.

Antonio Caetano.

José Vicente Quimba.

José Antonio de Sá.

Manoel Jeronymo Cavalcante.

Manoel Francisco da Silva.

Felippe Barbosa de Moraes.

José Martins dos Santos.

Honorio Gomes de Lima.

Carlos Tiburcio dos Santos.

José Tiburcio dos Santos.

Antonio Alves da Silva.

João Alves da Silva.

Francisco de Assis Torres.

Francisco Lucindo de Figueiredo.

João Umbelino de Miranda Galvão.

Antonio Teixeira de Vasconcellos.

João Barbosa Teixeira.

José Joaquim Vianna.

Candido Pereira da Silva.

Miguel Alves de Moraes.

Francisco Soares Quintas.

José Rosendo de Andrade.

Manoel Nazario da Silva.

José Romualdo dos Santos.

José Francisco dos Santos.

Onias José Pereira.

João Francisco Cordeiro.

Antonio Claudino da Luz.

Antonio Parisio de Salles.

José Cordeiro de Souza.

Torquato Cordeiro de Souza.

José Francisco de Souza.

Vicente Benicio de Sobral.

Ignacio Benicio de Sobral.

Marcolino Ferreira dos Santos.

João Vicente Ferreira Simões.

Antonio de Barros Albuquerque.

José Leoncio da Silva.

Jacintho José de Barros.

Antonio de Barros e Silva.

 

Fonte: Jornal de Recife (PE) - 1858 a 1938

Recife - Sabbado 12 de Julho de 1890


Neste documento, o pai do avô - Luiz Freire - de meu avô materno, Melchiades Pulpino Freire, e o pai do avô da mãe - Caetana Cavalcante de Oliveira - de meu avô, Marcolino Cavacante de Oliveira, seus bisavós, um radicado em Canhotinho (Freire de Carvalho) e outro radicado em Panelas (Cavalcante de Oliveira), são mencionados no documento e com ideais republicanos. 

E assim se estabelece meu vínculo com Panelas e sua gente! 💕

Everaldo José Freire

Aracaju-SE, 26 de março de 2021.


quinta-feira, 4 de março de 2021

Antonio de Pádua de São João-PE


Chovia fino, garoava e orvalhava, quando deixei São João, na última terça-feira, dia 02 de março desse segundo ano da pandemia, seguindo a tendência da chegada de março com chuvas, para animar os agricultores e toda a gente que depende de chuvas para prosperar. Era antes das 5 da manhã e o dia ainda demoraria a sair da penumbra. 

Ao visitar D. Gelita (irmã de seu Nilson e amiga de minha mãe) e seu Bida, na semana anterior, ela havia me avisado que Dr Antonio estava entubado. Nós sabemos que, nos dias que estamos enfrentando, isso não era um bom sinal. Entretanto, Deus sempre sabe de tudo e é o detentor de nossos destinos.

E, por falar em destinos, quis o Criador que, lá pelos idos de 1989, exatamente no 1º mandato deste imponente homem, como Prefeito de São João-PE, a gente se conhecesse: eu, um menino de apenas 10 anos. Ele, o representante do povo. E por esta razão, gentilmente, pedi à secretária do atual Prefeito, Aline, tirasse essa foto para mim pois, na segunda-feira, quando ali estive, onde estive pela 1ª vez há 32 anos, não imaginava que a vontade de Deus seria trazer para si e para a companhia dos seus o nosso Antonio de Pádua.

Desculpem-me se serei monótono ou se deixarei fissuras nas linhas a seguir, pois quem agora narra é um menino de 10 anos e não mais um professor. Ingressei na Escola João de Assis Moreno em 1989, após concluir o "primário" na Escolas Reunidas João Fernandes da Silva, coincidentemente ascendente de Antonio de Pádua e cuja diretora era Rosa Maria Fernandes Zoby.

Houve uma escolha de o aluno que estivesse bem na leitura fosse ler uma carta para o Prefeito e quis Deus, naquele momento, que os destinos de Antonio e Everaldo se cruzassem pela 1ª vez. Estive no Palácio João de Assis Moreno, cumpri a missão dada e de lá saí impressionado com a delicadeza e gentileza de um adulto num cargo tão importante. Até então, eu não sabia que Antonio era professor. Eu já sabia que queria ser professor. Eu não sabia que Antonio era mestre, pois o chamavam de doutor... E por falar em doutor, ecoa em minha mente um refrão de uma de suas campanhas, o qual certamente será lembrado por muitos sãojoaenses - cujo título de cidadão recebi em 04 de abril de 2017, através da preposição da vereadora Mª Joseneuda de Assis da Silva. 

Não adianta fazer tanta confusão

Antonio de Pádua é o Prefeito de São João

Ele é honesto, é trabalhador,

Ajuda o pobre, o agricultor...

Miguel Arraes

Foi ele quem falou:

Para Prefeito, vote no Doutor... 

Ainda naquele ano de 1989, eu lembro que o município oferecia duas turmas de 5ª série à tarde e essas duas turmas agregavam crianças e jovens oriundos das zonas rural e urbana, pois de 1ª à 4ª série também se ofertava nos sítios. Também lembro que havia aula de violão, judô, teatro, dança... E o contato com tanta arte só podia desvelar a magnitude da pessoa que fora eleita para representar nosso povo e cuidar de nossa gente.

Ainda naquela época, ainda em transição entre a infância e a adolescência, lembro de ter procurado o Prefeito, pois o considerava amigo (e acredito que era isso que ele era das pessoas da cidade) e na minha cabeça havia um Projeto. A secretária da época, talvez vendo ali apenas um menino e não um cérebro pensante, tentou desconversar. Foi quando lá de dentro ecoou uma voa grave e firme, porém gentil: - É Everaldo, Nazaré? Deixe-o entrar. 

O secretário de educação e cultura era o Srº Bianor Lemos de Abreu, esposo da querida Valmira Magalhães de Abreu. Bianor perguntou do que estava precisando para o Projeto, solicitou uma lista e providenciou. Eu nunca fui perguntado em quem meus pais votaram, pois estava claro que eu não tinha idade para votar e imagino que também estava claro que um governador/gestor ganha para fazer melhorias para todos e não apenas para quem votou nele.

Dentre todas as oportunidades que aquela gestão de Antonio de Pádua proporcionou, também fiz um curso de Teatro pela FETEAPE de 192 horas, cujo certificado guardo até hoje:


Ao encenarmos Pluft, o Fantasminha, Antonio estava na plateia, aplaudindo, sorridente e feliz. E muito felizes estávamos nós, crianças e jovens de São João, com aquela oportunidade de vivenciar arte na Associação Atlética e Cultural de São João (AACSJ).

O tempo foi passando, a criança se tornou adolescente e lá pelos idos de 1999, já prestes a concluir o curso de Letras na UPE, um trabalho acadêmico fora aceito para ser apresentado em Cuba. Um passaporte, dinheiro e outras coisas seriam necessárias. Tive a ideia de procurar Antonio de Pádua e "bingo". Ele ajudou no meu 1º passaporte e com uma quantia também. 

Quando voltei da experiência do 1º mestrado na Universidade Federal de Pernambuco, em Recife, nos idos de 2001 e 2002, dei algumas ideias a então secretária de educação Maria Joselma Assis da Silva, que assim como o Srº Bianor, não só ouvia como se empolgava. E assim se consolidava minha história de carinho e muito afeto pela família Assis da Silva. 

Dentre outras coisas, fizemos uma homenagem a várias professoras, num evento que homenageava a mulher, e não só ela. É tanto que um dos homenageados foi o saudoso, brincalhão e querido Severino Teles Barreto, avô da atual 1ª dama, cuja homenagem foi recebida por sua filha Avanir Teles em 2004, no Colégio João de Assis Moreno.

Por falar em Cuba, ainda em seu governo, pioneiramente, havia cubanos na cidade medicando a população, para suprir a carência de profissionais médicos na atenção básica. E não é que o jovem que foi ajudado por Antonio de Pádua foi a Cuba, justamente dar treinamento para médicos dessa nacionalidade?

Gratidão, Antonio de Pádua! Descanse em paz! E até o reencontro. Não tenho dúvidas de que um dia nossos ancestrais se cruzaram e Deus nos oportunizou esse reencontro nessa passagem pela Terra.